Posso te ajudar. 
Esquizofrenia Na dependência.
Esquizofrenia Na dependência.

https://secretum.no.comunidades.net/imagens/depressaso.jpg

Esquizofrenia na dependência química

                                      Carlos Alberto Alves   

I - Contextualização:

 

No século XIX, as conceituações de esquizofrenia variavam bastante. Estudos mostram que uma em cada cem pessoas serão diagnosticadas de esquizofrênicas ao longo de suas vidas nos Estados Unidos. Na África, o índice de esquizofrenia é menor, diferentemente da Escandinávia e da Irlanda.

Usualmente, fala-se de esquizofrenia utilizando o termo psicose, o que é inapropriado, já que psicose é bem mais abrangente. É importante mudarmos terminologias, mas também, o modo como vemos o esquizofrênico. A esquizofrenia está atrelada a estigmas que são trágicos, frutos de nossa ignorância, que nos faz manter pessoas com esquizofrenia enclausuradas. Por isso, vamos aos esclarecimentos.

Esquizofrenia:

  • É uma doença cerebral
  • É uma entidade real, científica e biológica
  • Exibe sintomas de doenças cerebrais, dos quais inclui: déficit no pensamento, delírios, alucinações, mudanças nas emoções e no comportamento
  • É provável que tenha mais de uma causa
  • Também é provável que existam diferentes tipos de esquizofrenia

 

Embora a imprensa explicite casos de crimes cometidos por esquizofrênicos, a realidade é que apenas uma pequena fração destas pessoas são perigosas. Quando episódios violentos ocorrem, é porque a doença não foi tratada ou não tem sido tratada, porque teve um tratamento inadequado ou refratário.

Nos Estados Unidos, a maioria das pessoas com esquizofrenia moram com a família, outra parte fica em casas que cuidam de doentes mentais, vivem sozinhas ou estão em abrigos públicos.

O custo da esquizofrenia pode ser comparado aos de outras doenças sérias, especialmente se envolve hospitalizações por muitas semanas e muita medicação por vários meses.

 

II – Vendo a loucura por dentro:

 

As pessoas que necessitam de ajuda precisam também de alguma empatia que ajude a suportar este momento. É necessário colocar-se no lugar da pessoa que está aflita.

A loucura implica em se ter comportamentos bizarros, dizer coisas estranhas, ficar afastado, experimentar alguma dor. Não entendemos por que os “loucos” dizem o que dizem e fazem o que fazem. É como se a pessoa perdesse o controle de seu cérebro.

Para que possamos nos sintonizar com o esquizofrênico, precisamos responder questões sobre como nos sentiríamos nas seguintes situações:

  • Se o nosso cérebro começasse a trapacear ou funcionar de outro jeito (diferente do conhecido)
  • Se vozes começassem a gritar em nós
  • Se perdêssemos a capacidade de agir logicamente

 

Entender a esquizofrenia implica em aprender sobre suas possibilidades de manifestação e a maneira como a pessoa vivencia tal situação. Isso não é meramente um exercício intelectual, ma a possibilidade de criar empatia com a pessoa. Para amigos e parentes que querem ajudar, provavelmente a coisa mais importante a fazer é aprender sobre o funcionamento interior do cérebro esquizofrênico.

A esquizofrenia por si só já é uma tragédia pessoal. Se ela não for desmitificada e entendida pela família e se esta não se mantiver ao lado do paciente; então transforma-se numa calamidade familiar. A melhor forma, o melhor caminho para aprender o que o esquizofrênico vivencia é ouvi-lo.

Quando ouvimos pessoas com esquizofrenia , podemos observar em sues comportamentos e experiências, certas anormalidades como:

  • Alterações de juízo
  • Inabilidade de lidar com emoções e sensações, inabilidade de agir e responder apropriadamente
  • Delírios e alucinações
  • Alteração de juízo de si próprio
  • Mudança nas emoções
  • Mudança nos movimentos
  • Mudança no comportamento em geral

 

Nem tosos estes sintomas são encontrados em todos os pacientes. Alguns têm muito mais um tipo de sintoma, outros possuem outros tipos mais acentuados. Ocasionalmente tais sintomas e sinais podem ser vistos em outras doenças cerebrais como tumores no lobo temporal de pacientes epiléticos.

Alterações de juízo: Ocorrem proeminentemente em estágios mais precoces da esquizofrenia, num esgotamento nervoso. Um estudo mostra que isso ocorre em quase dois terços dos pacientes. Essas alterações costumam acontecer em pacientes quando os mesmos recuperam-se de um episódio psicótico.

Mudanças de percepção são mais comuns que mudanças auditivas, por exemplo, perceber as cores como mais brilhantes. Outras vezes, ocorre a transformação de objetos, por exemplo, as coisas ficam parecendo especialmente vermelhas e os objetos passam a ter alguma animação.

Em algumas instâncias, as alterações visuais melhoram a aparência, por exemplo, as coisas parecem psicodélicas ou de primeira classe. Em outros casos, as alterações deixam os objetos feios, por exemplo, as pessoas são vistas como deformadas.

Cores e texturas podem se misturar, por exemplo, “as coisas eram brilhantes e puras como uma linha que tinia e a água era sólida e reluzente”.

Às vezes, ambas as sensações (visual e auditiva) juntam-se , por exemplo, as vozes parecem metálicas e coloridas. Freqüentemente duas coisas acontecem juntas, como “ a bizarrisse me fazia ver as pessoas que andavam na rua em retratos”.

Dificuldade de concentração da atenção é comum. Outras modalidades sensórias, além das visuais e auditivas podem ser afetadas na esquizofrenia. Há por exemplo, descrições de diferenciação na sensibilidade sexual, como irritação.

De grande importância é também a sensação de que pensamentos invadem a mente. É como se o cérebro fosse bombardeado com estímulos externos (ex: sons e cenas) e com estímulos internos (ex: pensamentos e memórias).

Há uma discussão na psicanálise acerca de uma habilidade maior em pacientes esquizofrênicos de recalcar eventos traumáticos na infância. Entretanto, não há evidências científicas dessas teorias.

Existe uma variação da sensação de pensamentos na qual a pessoa sente que alguém está inserindo pensamentos em sua cabeça. Com esse tipo de atividade na cabeça das pessoas, não nos é surpresa que elas tenham dificuldade em concentrar-se. A concentração em uma tarefa simples como ter um “rumo” ao caminhar pode se transformar em impossível.

Quando aspectos desse tipo aparecem juntos, o paciente pode sentir-se numa situação horrível. Entretanto, em estágios precoces da doença, alguns pacientes podem sentir-se muito bem, como que vivenciando experiências agradáveis. Algumas descrições neste sentido, mostram uma elevação do saber, comumente encontrada em manifestações depressivas e no uso de drogas.

Muitos pacientes interpretam suas experiências com um cunho religioso e acreditam estar sendo contatados com Deus. Em nossa experiência, é possível notar que preocupações excessivas com a religião, pode ser um sinal precoce da esquizofrenia.

Sensações como intensificação de embotamento estão presentes na esquizofrenia. Assim, o embotamento é mais comum aparecer mais a frente no curso da doença, enquanto muitas vezes, pode mostrar-se como um dos primeiros sintomas.

Uma sensação decorrente do embotamento é a amargura, que pode ser dramática, para quem cuida da pessoa. Todos os estímulos, percepções sensoriais que entram no cérebro passam pelo da área límbica, na proporção inferior do cérebro. Esta área é mais suspeita de ter um envolvimento com a esquizofrenia, pois ela filtra as percepções sensoriais, que comumente são sintomas da esquizofrenia.

 

Inabilidade para responder e interpretar:  Em pessoas normais as funções do cérebro muitas vezes fazem com que se percorra um caminho: o estímulo que entra é interpretado, então uma resposta é selecionada e remetida. As respostas incluem lógica. O local dessas funções é o sistema límbico e está intimamente conectado com outras funções importantes. A lógica permite o raciocínio: se... então...

Um defeito fundamental no cérebro de pacientes esquizofrênicos é a freqüente inabilidade para escolher, interpretar e responder como nos cérebros normais. Isso não envolve apenas pensamentos.

Estímulos auditivos e visuais, emoções e algumas ações provavelmente são afetados como um todo. Perde-se o sentido,o porque das coisas que chegam até nós. Ocorre algo similar a uma afasia. As palavras existem, mas a pessoa não consegue sintetizá-las em sentenças. As dificuldades de compreensão de estímulos visuais são similares às de estímulos auditivos.

É típico haver dificuldade para assistir televisão ou filmes. Por isso, os programas de TV que essas pessoas mais gostam são desenhos e programas de viagem, porque são simples, podem ter um segmento visual sem a necessidade de integração de percepção auditiva.

Tais pacientes, além da dificuldade de escolher e interpretar estímulos, ainda respondem inapropriadamente, por exemplo, rir no velório de um amigo. Essa inabilidade dificulta o relacionamento com outras pessoas, pois não são capazes de entender os estímulos visuais e auditivos juntos, transformando os relacionamentos interpessoais quase impossíveis.

As respostas inapropriadas mostram algum tipo de déficit cerebral envolvido. Para tanto, usa-se alguns termos como desconexão, perda de associações, concretude, déficit de lógica, bloqueio do pensamento e ambivalência.

Ocorrem ainda conexões vagas e justaposições, como pensar em russo ao ver cor vermelha. Ocasionalmente, a perda de associação causa a conexão de palavras em função da similaridade de sons.

Outra característica de pensamentos esquizofrênicos é a concretude, pois há uma inabilidade em abstrair, em sair do específico para o geral, o paciente não entende por exemplo, ditados populares.

Perde-se a habilidade de reagir a eventos e num mesmo pensamento, oposições podem coexistir, ex: sentia-me morrendo e queria nascer.

Outra forma de pensamento esquizofrênico é a salada de palavras em vez de sentenças, isso é dramático, mas também, incomum. Há degraus de desordens do pensamento em diferentes estágios da doença. Algo muito comum é o bloqueio de pensamentos, por exemplo, a pessoa está pensando em responder e de repente pára.

A ambivalência é outro sintoma comum ao pensamento do esquizofrênico, as pessoas são incapazes de resolver contradições de pensamentos, sentimentos e retém oposições simultaneamente na cabeça. Às vezes a ambivalência é transplantada para ações.

Delírios e alucinações: estes são os sintomas mais comuns na esquizofrenia e os mais conhecidos também. Esses sintomas são muito importantes para diagnosticar esquizofrenia. Entretanto, há nesta doença, muitas combinações de outros sintomas, como pensamento desordenado, distúrbios afetivos e de comportamento, sem que nunca tenha havido delírios e alucinações.

Também devemos lembrar que delírios e alucinações podem estar presentes em outras doenças cerebrais.

Finalmente, é importante saber que delírios e alucinações, bem como distorções na visão corporal, estão diretamente relacionados a alterações de juízo e á habilidade do cérebro de interpretar e responder apropriadamente aos estímulos.

Delírios são idéias falsas e simples nas quais o paciente acredita enquanto outras pessoas (mesmo sendo da mesma cultura) não acreditam e vêem sua reação como inapropriada.

Uma forma simples de delírio é a convicção de que eventos causais que acontecem perto do paciente tem uma relação direta com ele. A pessoa com esquizofrenia experiência coisas diferentes, atribuindo a situações simples, significados diferentes.

As distorções de juízo e a habilidade prejudicada de interpretar e deixar entrar estímulos e pensamentos podem estar atrás de muitas das experiências delirantes e mentes aflitas. Pessoas esquizofrênicas transformar simples acontecimentos em convicções, acreditam que estão sendo controladas por outras pessoas, manipuladas e ás vezes hipnotizadas. Elas chamam a atenção para evidências que confirmariam aquilo que pensam.

Delírios de que uma entidade o influencia ou o rádio o controla é relativamente comum, bem como os que se referem a suspeitas do FBI e da CIA em relação a atentados. Para estes pacientes, questões sobre porque o FBI os perseguiriam são irrelevantes, o que lhes interessa é que eles sentem isso e acreditam. Às vezes dizem, “sei que sou paranóico, mas agora realmente tem alguém me olhando”.

Delírios paranóicos podem ser muito perigosos. Uma pessoa assim pode cometer um crime achando que está se defendendo. Este subgrupo de esquizofrênicos é pequeno, mas é o que faz com que se acredite que esquizofrênicos são perigosos.

Além dos delírios de paranóia, há outros tipos, como os de grandiosidade (achar que possui força para mudar a rotação da terra, ser o presidente etc.) Podem ser perigosos, pois a pessoa pode acreditar por exemplo, que pode voar e o faz, provocando conseqüências trágicas.

Há um tipo particular de delírio no qual a pessoa acredita que outra pessoa famosa está apaixonada por ela. Um delírio relativamente comum, é que o paciente pode controlar a mente de outras pessoas.

Outra variante de delírios está na crença de que pensamentos estão saindo da cabeça e sendo transmitidos pelo rádio ou pela televisão. Este certamente é um fator indicador de esquizofrenia. Ocasionalmente é difícil diferenciar se o indivíduo está delirando ou tendo pensamentos verdadeiros.

Alucinações são muito comuns na esquizofrenia e são o fim de espectros que começaram com a alteração do juízo. Distorções visuais e auditivas não são experiências incomuns na esquizofrenia.

O cérebro faz com que a pessoa ouça, veja, sinta o cheiro e o gosto de algo não real. A experiência, muitas vezes é vivida como real pela pessoa, ela pode ouvir tão claramente vozes falando com elas, que parecem até mais nítidas do que quando de fato há uma pessoa falando com ela.

Alucinações auditivas são muito freqüentes e a forma mais comum na esquizofrenia. Elas são tão características da doença que uma pessoa com essas alucinações devem ser consideradas esquizofrênicas, ata que se prove o contrário. Há uma variedade de formas: uma única voz, várias vozes, vozes em coro.

A alucinação pode ser ouvida apenas ocasionalmente ou pode ser contínua. Quando é ocasional, a forma mais comum  ocorre á noite, quando o paciente vai dormir.

Na grande maioria dos casos, as vozes são desagradáveis, como por exemplo, acusatórias. Em poucos casos pode ser prazerosa como uma música romântica. Ocasionalmente podem ser vozes prestativas.

As alucinações auditivas também podem estar relacionadas a uma diferença no sistema límbico. Alucinações visuais ocorrem menos freqüentemente, mas existem, podendo haver junção dos dois tipos (visuais e auditivas). Deve-se estar atento porém, ao fato de que outras doenças cerebrais, abuso de álcool e intoxicação por drogas produzem alucinações.

Como os delírios, as alucinações devem ser vistas dentro de um contexto cultural. Há religiões onde é comum ter-se visões. Alguns critérios nos ajudam a diferenciar alucinações visuais de manifestações religiosas:

  • Alucinações religiosas comumente são visuais, enquanto que na esquizofrenia, a predominância é auditiva
  • Envolvem “guias” benevolentes que aconselham a pessoa
  • Alucinações religiosas freqüentemente são agradáveis, prazerosas

Alterações de juízo de si mesmo:  há percepções incomuns de si próprio, como por exemplo, não conseguir distinguir-se de outra pessoa, referir-se a si mesmo em terceira pessoa, sentir que partes do corpo tem vida própria. Pode ocorrer também uma confusão entre os mecanismos de funcionamento do corpo e da natureza.

As alterações de si próprio podem ser agravadas se delírios e alucinações estiverem presentes também. Outra possibilidade é a sensação de metamorfose do corpo (como Kafka, em que um homem se transforma em barata).

Confusão em relação às características sexuais também podem acontecer, por exemplo, um homem pode achar que seu corpo está assumindo uma aparência feminina. A origem da alteração do juízo de si próprio é desconhecida. Normalmente nosso juízo está assentado em complexos que incluem respostas a estímulos táteis, visuais, nos quais sentimos e vemos os limites do nosso corpo e podemos diferenciá-lo de outros objetos externos. Talvez alterações nesse processo tenham a ver com alterações desse juízo.

Mudança na emoções: é uma das características mais comuns em esquizofrenia. Aparece em estágios mais tardios da doença. Provavelmente são os sintomas mais trágicos, pois resultam em uma incapacidade de sentir emoções como um todo. Isto faz com que o paciente se distancie mais e mais. Muito cedo no curso da doença,  paciente pode sentir uma ampla gama de variações e rápidas flutuações de emoções. Sentimentos exagerados também não são incomuns. Também ocorre um medo persuasivo e sem um motivo específico para tanto. Esse medo pode ser incontrolável.

Para distinção desses sintomas, daqueles encontrados no transtorno bipolar por exemplo, vemos que a mudança mais característica na esquizofrenia são as emoções inapropriadas ou niveladas, sendo pouco usual, essas duas características juntas.

Podemos pensar que essas alterações estão também associadas ao fato de que o estímulo está alterado. Estas inapropriações produzem aspectos dramáticos, como por exemplo, o paciente subitamente interromper sua “tagarelice” e ficar sem nenhuma reação aparente. Emoções podem ocorrer sem haver nenhum objeto para elas.

Num estágio mais avançado da doença as emoções parecem sumir. Não há tristeza, nem felicidade. É como se lidássemos com um robô. Associado ao sumiço das emoções, aparece a vagarosidade dos movimentos, pouca interação, escassez de pensamentos e diretividade. São comuns: apatia, desinteresse, não querer nada e olhar para o nada.

Não devemos nos esquecer que uma pequena parte das drogas usadas no tratamento da esquizofrenia tem efeitos sedativo-calmantes. Mas o nivelamento das emoções e a motivação, entretanto, são produtos da doença e não do efeito das drogas.

Mudanças nos movimentos: efeitos secundários dos antipsicóticos e do lítio podem causar mudança nos movimentos, variando de tremor fino nos dedos até movimentos espasmódicos gritantes nos braços  ou no tronco.

Entretanto, é preciso ter claro que a própria esquizofrenia também pode causar mudanças nos movimentos (como já se descrevia antes de aparecerem tais drogas). Em alguns casos, tais movimentos aumentam, enquanto em outros, há diminuição. Há um sentimento de desastrado, sem jeito, que é relativamente comum, por isso, pessoas com esquizofrenia podem derrubar coisas ou tropeçar enquanto andam com mais freqüência do que antes de terem  ficado doentes.

Outra mudança no movimento é a perda de espontaneidade, embora a pessoa esteja a par disso. Alguns estudos teorizam que  o cérebro ou a glândula basal podem ser afetados pela doença.

Movimentos repetitivos, tiques, movimentos da língua e sucção também podem sofrer alterações, bem como o movimento dos olhos são diminuídos. A mais dramática alteração dos movimentos no curso da esquizofrenia é a catatonia, na qual o paciente pode ficar sem movimento por horas. A catatonia foi mais observada no começo do século, hoje é menos comum. Alguns antipsicóticos podem desencadear sintomas catatônicos.

Mudanças no Comportamento:  são sintomas secundários que podem ser explicados por uma maior responsividade do cérebro ao que ocorre ao seu redor, bem como uma inabilidade em sintetizar a entrada de estímulos. Retraimento, permanecer em repouso por longos períodos e imobilidade são comportamentos comuns nesta doença.

Catatonia e mutismo são parte de um continuum que inclui menos manifestações, formas de retraimento e imobilidade. Diminuição de respostas aos estímulos sensoriais podem ocorrer. Estímulos visuais e auditivos não são integrados.

Retraimento e mutismo podem ser defesas que a pessoa assume para se livrar do horror dos sintomas. Comportamentos ritualísticos não são incomuns. Alguns pacientes andam em círculos, outros têm que andar voltando. Também é comum adotar uma postura específica. Ocasionalmente a pessoa repete como um papagaio aquilo que lhe é dito (ecolalia). Mais raras são as ocorrências de ecopraxia, quando ocorre, pode ser conseqüência da dissolução da noção de onde começa e termina o seu próprio corpo e o de outra pessoa.

Talvez os comportamentos inapropriados sejam os mais difíceis para amigos e parentes do paciente, mas isto não é muito comum. Devemos lembrar que o comportamento do esquizofrênico tem (para ele) uma lógica racional interna. Então, ele faz coisas, tem reações que sofrem distorções de juízo e pensamento. Para nós, o comportamento pode parecer irracional, louco, mas para a pessoa com esquizofrenia, não há nada de louco no que faz.

 

Colocar-se no lugar do esquizofrênico talvez seja a melhor forma de entendê-lo. Melhor ainda seria tentar ir embora de si mesmo e entrar em quadros de um museu de arte. Muitos artistas incluem em suas criações, elementos que nos remetem a percepções esquizofrênicas.

 

III- O que o paciente precisa

 

Embora a medicação seja o ingrediente mais importante no tratamento e reabilitação, isso não é tudo que pessoas com esquizofrenia necessitam. Pensar nas nossas próprias necessidades nos ajuda a entender as do paciente.

Uma alternativa de local para ficar (nos EUA) são os alojamentos, nos quais pode haver supervisão. Neles o paciente tem seu próprio espaço, sua responsabilidade (em relação á organização do lugar). Alguns alojamentos oferecem atividades sociais monitoradas.

Ocorre uma marginalização implícita por parte da sociedade, que acredita não ser necessário um alojamento decente, pois os pacientes seriam pessoas de terceira classe.

Vantagens dos alojamentos: nesses lugares os pacientes são tratados com dignidade, não como um peso ou um incômodo. Estas “casas” deveriam conter no máximo doze pessoas para tornarem-se agradáveis. Deveria haver possibilidade de a pessoa poder se locomover (com supervisão, dependendo do caso) da comunidade para a casa. Finalmente, isso é mais útil quando integra-se a outras atividades dos pacientes. Além disso, o alojamento é melhor em relação ao hospital ou a morar em instituições públicas ou até mesmo ficar na rua.

Trabalho: algumas pessoas com esquizofrenia tem capacidade para trabalhar meio período ou até período integral. Entretanto, a maioria precisa de ajuda financeira se suas famílias ou de programas governamentais, daí a importância de algum auxílio financeiro governamental.

Há estimativas de que aproximadamente 20% dos pacientes poderiam trabalhar meio-período, sendo mantida a medicação apropriada e os programas de reabilitação. Percebe-se que dar uma ocupação ao paciente é muito importante, pois o trabalho transforma as pessoas na luta contra os sintomas da doença.

O impedimento de o paciente desenvolver sua vocação é um estigma significativo em suas vidas. Há diversas alternativas já executadas, como o trabalho em workshops, indústrias, fazendas, restaurantes.

Em relação às suas necessidades de amizade, amor e sexo: os sintomas decorrentes da doença e o estigma obviamente dificultam a manutenção da amizade em esquizofrênicos. Entretanto, vê-se que voluntários da comunidade ajudam bastante. Animais de estimação, especialmente cachorros também são excelentes companhias.

Quanto ao sexo, dizem que pessoas com esquizofrenia não têm interesse sexual. Entretanto, constata-se que apenas 20% delas tem inapetência sexual; portanto, os pacientes têm necessidades sexuais.

É claro que há casos extremos, como pacientes por exemplo, que apropriam-se da atividade sexual como sua maior forma de recreação (mas isso não é regra). É verdade também, que é complicado o relacionamento sexual com esquizofrênicos (pense-se nos delírios e alucinações).

Ocorre também o desejo de ter um filho, o que é quase inviável, pois uma criança implica em cuidados que nem sempre o esquizofrênico pode suprir. Além disso, há grandes chances de que o filho possa vir a ser também um doente.

Em relação á atividade sexual, há controvérsias que colocam a falta de cuidados contraceptivos. Uma alternativa á anti-concepção seria a aplicação intra-muscular de anticoncepcionais que agem por três meses. Outra objeção é quanto á proteção de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS, evitados pelo uso de preservativos que nem sempre os pacientes usam em detrimento de suas condições psíquicas, o grau de consciência e responsabilidade presente neles.

Alguém que o monitore como por exemplo,um acompanhante terapêutico é importante, bem como a psicoterapia suportiva. Há evidências científicas de que a psicoterapia, quando usada em associação com medicamentos, auxilia na redução do índice de re-hospitalização.

A psicoterapia auxilia tanto se ocorrer em grupo, como individualmente. Uma boa terapia deveria conter elementos como: compreensão, correção, sustentação social e a criação de um sistema suportivo.

Aprender a reconhecer as recaídas pode auxiliar o paciente a evitar fazer certas coisas, buscar fazer outras mais apropriadas, enfim, cuidar de si próprio quando percebe alguns sinais. Alguns sinais mais comuns de recaída podem ser citados: insônia, mudança no jeito de conduzir as atividades rotineiras e a vida sexual, diminuição do apetite, decréscimo nos cuidados pessoais, mudança nos sentimentos, sensações, etc.

O paciente precisa fazer uma lista daquilo que percebe como sinais e sintomas de recaída e a família e o psicólogo devem ajudá-lo. Tendo percebido os sinais e sintomas, deve-se procurar em primeiro lugar, o psiquiatra ou psicólogo. Também um ajuste na medicação pode amenizar o problema. Devemos lembrar o paciente que essa flutuação faz parte da doença.

O paciente também deve desenvolver estratégias que possam discriminar as chances de recaída quando sinais e sintomas começam a  aparecer.

Suportes e programas comunitários que desenvolvem programas diários, recreações, etc. auxiliam na socialização do paciente.

Os grupos de auto-ajuda também mostram-se importantes na quebra de estigmas, esclarecimento e fornecimento de informações para pacientes, famílias, bem como na educação da sociedade. Os primeiros grupos partiram da premissa de que a doença não existia. Mais tarde, passou-se a admiti-la e a vê-la com conseqüências diferentes.

 

IV – O que a família precisa

 

A esquizofrenia é uma doença devastadora, não só para o doente, mas também para a família. É como se no intervalo entre as crises, a família ficasse esperando que uma bomba explodisse a qualquer momento.

Vida social e financeira ficam prejudicadas, quando não, em total desordem. A imprevisibilidade de quando o sintoma piorará é o aspecto mais difícil, criando muita tensão.

Cuidados básicos de saúde, higiene, controle de dinheiro, interferências no trabalho/escola são tarefas que as famílias geralmente sentem dificuldade em realizar e comumente fracassam.

A atitude certa: a coisa mais importante é que a família possa não só conviver com a esquizofrenia, mas também, sobreviver á ela. Isso envolve o uso de recursos naturais para lidar com os “monstros” da esquizofrenia: a culpa e a vergonha.

Embora não haja evidências de que a esquizofrenia seja causada pelo modo como as pessoas tenham sido tratadas e embora seja considerada como uma doença biológica (do cérebro), ainda assim, muitas pessoas acreditam que suas atitudes, seus sentimentos tenham sido a base da saúde mental de seu membro esquizofrênico. O próprio doente também chega a atribuir alguma culpa aos pais por sua doença, por exemplo, dizer que eles não tinham jeito para serem pais.

A culpabilização de um outro pela doença aumenta a tragédia da esquizofrenia, ela aumenta de proporção e assume grandes dimensões. A concepção de que as famílias de alguma forma seriam culpadas pela doença, foram transmitidas por profissionais que anteriormente acreditavam nisto (não por maldade, mas por que até então não haviam outras evidências). Hoje sabemos o quanto são terríveis as conseqüências de quando os profissionais responsabilizavam a família pela doença. Independentemente disso, é usual que um ou mais membros da família façam análise.

O esquizofrênico se sente mais isolado que nunca e a família parece não fazer muitos esforços para controlar os comportamentos bizarros dele. Os comportamentos geram mais vergonha na família, que produz mais isolamento e raiva no paciente, construindo um espiral de vergonha e raiva contínuo.

Educação pode resolver o problema da culpa e da vergonha. Quando os membros da família compreendem que eles não causaram a doença, tais sentimentos diminuem, melhorando a convivência familiar.

S. A . F. E. (do inglês: sense of humor, acceptance, family balance, expectation realistic). A atitude correta tem quatro elementos: senso de humor, aceitação da doença, equilíbrio familiar e esperança e por fim, expectativas reais.

Senso de humor:  a esquizofrenia afeta tragicamente o senso de humor, se a família não lidar com isso e com o “sobe-desce” da doença, ela fica insuportável. As famílias que obtém mais sucesso no trato com a esquizofrenia, são aquelas que possuem senso de humor e alguma apreciação do absurdo. A capacidade de rir com o esquizofrênico em algumas situações é uma boa terapia para todos.

Aceitação da doença: isso não significa ter que achá-la “legal”, mas implica no conhecimento de que é uma doença real, que não está longe e que irá impor algumas limitações ás habilidades da pessoa.

Equilíbrio familiar:  a família que se auto-sacrifica e faz de tudo pelo doente, ás vezes mostra sentir culpa pela doença. Aquela que nada faz por ele, não o ajuda. Eventualmente, durante um período de internação do paciente, a família pode ter a chance de se reorganizar, resolver conflitos e se acalmar.

Expectativas, esperanças de acordo com a realidade:   modificar o que se pensa sobre o futuro da pessoa é difícil, mas é importante até para a aceitação da doença. Há famílias que tem uma esperança (ano após ano) de que um dia o doente volte a ser normal, criando planos que jamais poderão ser concretizados. Ser realista, faz com que a família não se decepcione com a pessoa e exija menos dela, tornando-se mais feliz. Isso não significa não esperar absolutamente nada da pessoa, mas ser concordante com suas capacidades.

 

V – Resposta para problemas comuns

 

A pessoa deve morar em casa? Não existe uma regra, mas o autor (Torrey) acredita que é melhor para o paciente morar em outro lugar que não seja sua casa. Isso porque, a experiência tem mostrado que ficar com uma pessoa esquizofrênica em casa é uma tarefa árdua para a família, trazendo um grande custo emocional.

Os pacientes sentem-se melhor em casas não muito distantes da sua em um ambiente parecido com  o da sua casa. As visitas também não possuem uma regra, elas devem acontecer sempre que forem satisfatórias para ambos.

Mas, se a pessoa mora em casa, duas coisas são necessárias: solidez e estruturação. A pessoa precisa de um quarto próprio, um lugar que ela possa usar para ficar sozinha. Ser uma família estruturada e ter uma rotina regular, são importantes. Essa rotina se refere principalmente quanto a horários para dormir e para comer.

Como a família deve se comportar frente a alguém com esquizofrenia? O melhor é tratar a pessoa naturalmente, com dignidade. Além disso, há certos casos entretanto, nos quais o comportamento em relação à  pessoa deve ser mudado gradualmente. Isso ocorre porque as pessoas com esquizofrenia tem grandes dificuldades em processar estímulos sensoriais diferentes ou simultaneamente.

Outro aspecto é a comunicação: dever ser breve, concisa e sem ambigüidades. É preciso ser prático e direto, as frases devem ser curtas e ter paciência é muito importante.É contra-indicado debater com o paciente sobre os seus delírios ou alucinações, isso só agrava o seu estado. Por exemplo, quando a pessoa disser: “há cobras embaixo da minha cama”, responder: “eu acredito que você esteja vendo cobras aí, mas eu não as vejo”, ao invés de dizer: “não há cobras no quarto”. Outra resposta seria: “eu acredito que você tem sensações de que há cobras aí, mas eu acho que isso se deve ao fato de que você está doente”. Ou seja, respeita-se a sensação da experiência, mas não a sua interpretação.

Não se dever rir, tirar sarro ou “dar corda” ao delírio, pois isso pois isso pode prejudicar o vínculo do paciente com a realidade. Outro conselho útil é encorajá-lo a expressar seus pensamentos delirantes apenas em lugares privados.

Um impedimento na comunicação com esquizofrênicos é a incapacidade de conversar indo e vindo numa linha de raciocínio longa. Um problema parecido é o da inabilidade do paciente em expressar emoções, parecem fechados, frios, isso é comum e deve ser respeitado. Ás vezes, a pessoa consegue expressar suas emoções com um animal de estimação, por exemplo.

Um problema comum, é a dificuldade da família em lidar com o isolamento do paciente, mas ela deve entender que esta é uma necessidade decorrente da doença;contudo, se o isolamento tornar-se muito agravado, deve-se recorrer a uma consulta psiquiátrica e verificar a possibilidade de internação, mas esta não deve ser feita sempre que ocorrer isolamento.

Situações sociais/eventos devem ser evitados e quando forem necessários, não se deve esperar muito do paciente, que pode sentir-se confuso. Para que uma atividade seja agradável para o paciente, ela necessita provir de um único estímulo sensorial. Nesse sentido, programas de TV sobre viagens, desenhos animados, bem como espetáculos, shows e circo ajudam o paciente.

Quanta responsabilidade pode dar-se á pessoa? Alguns pacientes tem responsabilidade e capacidade para responder por is próprios, mas há vários pacientes que sofrem muitas flutuações. Ás vezes a pessoa utiliza seus sintomas para manipular o médico, ou a família e conseguir o que quer.. Quanto à medicação, é a família que deve responsabilizar-se por ela. Os pacientes que conseguem tomar seus remédios corretamente não são muito freqüentes. Alguns até decidem que não precisam mais dos remédios!

Viajar sozinho, sair, são problemas para serem administrados. Uma regra geral deve ser a de se ir dando autonomia aos poucos, gradualmente, conforme for sendo possível para o paciente. Se a pessoa acha que pode, deve ser dada oportunidade a ela.

Uma boa maneira de avaliar se a pessoa está em condições de fazê-lo é observar seus cuidados em relação ao lixo, limpeza, lavar a louça, cuidar do cachorro, etc.

Em relação ao dinheiro, a maioria dos pacientes não consegue administrá-lo, então, a família deve ajuda-lo. A administração do próprio comportamento e de sua rotina podem ser indicativos de usa independência também em relação ao dinheiro.

Violência e agressão: pacientes com esquizofrenia podem ser envolvidos em 3 tipos de agressão: destruição de propriedades, agressão a si próprio e agressão a outras pessoas.

Quanto ao primeiro tipo, há um consenso de que pacientes que moram na comunidade tem altos índices de prisão por crimes cometidos contra propriedades (em comparação com a população geral).  Há outros comportamentos que chamam a atenção da polícia, por exemplo, não pagar a conta no restaurante por achar que é Jesus Cristo.

Podem ocorrer agressões a si próprio, nestes casos há mutilação. Em relação á agressão a outras pessoas, a mídia  traz muitas controvérsias. O que se sabe é que a agressão a outros ocorre quando o paciente está tendo delírios paranóicos (por exemplo, de perseguição) ou alucinações (ex: vozes mandam o sem paciente fazer algo). Também é sabido que a maior ocorrências das agressões ocorre em pacientes com medicação inadequada ou medicação.

Frente á violência recorrente, a família deve conversar abertamente com o paciente, deve consultar o psiquiatra  e em casos extremos, alertar para a possibilidade de penalizá-lo  (por ex: dizer que vai expulsa-lo de casa).

Cafeína, nicotina, álcool e drogas liberadas: falava-se que o café impedia a absorção dos antipsicóticos, mas isso não foi comprovado. Sabemos entretanto, que o uso excessivo de café não faz bem a ninguém, produz irritação e nervosismo.

É comum que pessoas com esquizofrenia fumem bastante e mais que em outras patologias psiquiátricas. É possível que a nicotina compense alguns efeitos sedativos da medicação, bem como outros efeitos desagradáveis. O que a família pode fazer é tentar o uso de cigarros ligths e não potencializar seus prejuízos.

O consumo de álcool é um dos piores problemas para a família do esquizofrênico, pois piora os sintomas e interage adversamente á medicação. É difícil fazer o uso do álcool em moderação quando se trata de um paciente esquizofrênico. Se o paciente não abusa, a família deve permitir que ele beba em situações sociais. Para aqueles que tem baixa tolerância, um pouco pode ser muito.

Qualquer tipo de droga, desde a anfetamina deve ter seu uso completamente desencorajado pela família.

Quanto ao interesse religioso, torna-se complicado em algumas situações, as pessoas diminuem ou abandonam o tratamento esperando pela cura de Deus. Também as alucinações podem ser assumidas como manifestações religiosas. Entretanto, ás vezes, a inserção num grupo de culto religioso pode ser benéfico, pois lhe trará alguma estrutura e um senso de vivência comunitária. Finalmente, alguns cultos podem explorar financeiramente seus membros (tanto esquizofrênicos, como outros).

Motivação sexual:  Talvez um dos maiores problemas para a família do paciente seja a contracepção. Há também a necessidade de um aconselhamento genético (em virtude da esquizofrenia), mas os problemas não param por aí.

Podem ocorrer também, delírios em que a pessoa se expõe sexualmente em público. Nesses casos, o índice de incestos pode ser elevado. É necessário que as pessoas sejam orientadas e educadas para serem discretas em relação à sexualidade. É claro que um relacionamento sexual pode ser saudável para o paciente, mas isso envolve uma capacidade de julgamento, discrição e estruturação de uma relação. Há também que se ter autonomia para os encontros sexuais. Devemos estar atentos para a prostituição em troca de algo (ex: dinheiro para cigarros).

Translate this Page
secretum
O que você tem feito por você?
o que mudou em você?
como define?
È boa a leitura?
Recomendaria?
Deixe seu comentario
O que não entendeu ?
precisa de oracões?
Deixe seu email.
Ver Resultados

Rating: 2.4/5 (321 votos)




ONLINE
4





Partilhe esta Página



site grátis no comunidades.netQuando se estar sozinho!o tempo para.rios deságuam,os sonhos chegam.
A onde estais ?tenho tentado viver sem te ter.isso corta como faca.E daí 
Que sopra o vento.....
E daí que chega as tempestades....tudo inquieta,a beleza e única .
Mas nada chega.
Apenas o farol retrata o que eu não sei...
O mar que envolve é o mesmo que consume-me .
A solidão
O frio
O medo,
Rios deságuam.
Apenas estradas
Apenas estrelas;
Nada mais.
Sorri pra não chorar
Cantar pra viver
A onde estar?
A razão 
A formula
A essência ,
Da existência.
Nada mas...
Do que o próprio mal
Nada sou :
De nada ter!
De nada saber,e o próprio verbo que nos condena,

E nos faz ter,o nosso próprio verecdito.
Condenado estamos por amar:
Sem ter
Que tocar
Sem senti,
Sem ver :
Melhor é a guilhotina 
Do que uma condenação
De ter :
Que lembrar
Que senti 
Que sonhar ,
Que um dia estivesse,e um dia fosse,
E deixar-se a marca e condenação
De ter de viver sem te ter:
Acorrentado
Mascarrado,
Afugentado, de mim de te ,de nos.
Não somos os mesmos,
Ainda somos:
Lembrança 
Passado
Presente,
Futuro.
E apenas a tua ausência
Que deixa a tua essência
Mas nada sou....
Porque ilhado já estou,
Eu sou o próprio Tereza Pança

                           ollo kaasi



Total de visitas: 17542